Quando
me interessei por guitarra elétrica, no ano de 1986, a cena em
Aracaju já contava com algumas bandas que “faziam acontecer”,
mesmo nas precárias condições da época. A qualidade dos
instrumentos e efeitos disponíveis no Brasil
era horrível, imaginem em Aracaju, onde ainda hoje é difícil
encontrar material. Bandas como Karne Krua, Fome Africana, Crove
Horrorshow, Guilhotina e H2O agitavam a capital, e fazendo música
autoral, o que não existiu – ao menos não do meu conhecimento –
com os precursores dos anos 70, bandas como Os Águias, Os Vikings,
The Tops e outras de que muito ouvi falar.
Fiz
meu 1o show em 1988, com a banda Trem Fantasma, e fui com o tempo
conhecendo as pessoas que desde o começo da década escreveram a
história do Rock em Sergipe. E é da natureza curiosa do ser humano
saber “por onde andam” as pessoas. Qual fã de hard-rock não
quer saber novidades do sensacional guitarrista Vito
Bratta, um dos expoentes do final dos 80's e que após alguns revezes
sumiu do showbiz
e vive uma vida simples cuidando da família em Staten Island/NY? Bem...dos
músicos locais, Vicente Coda mergulhava nas artes plásticas, depois
emergia com sua Paraphernalia, participando de festivais e tocando sua
carreira de artista multimídia. Luiz Eduardo (Crove) acaba de fazer
o show de lançamento do talvez mais aguardado CD de uma banda de
rock sergipana, o “Depois do Rock”. Sílvio Campos dispensa
apresentações e é hoje sinônimo do Rock sergipano. De Soneca,
guitarrista da Guilhotina, pouco sei (idem os outros dois músicos,
Sérgio Pauleira e Denisson); mas o encontrei faz alguns anos com a
família em dia lúdico no Shopping e pelo que me disse, levava uma
vida low profile em termos de Música, acho que apenas tocando violão
entre amigos.
A
grande lacuna ficava mesmo com Alexandre Diniz, a.k.a. Macaxeira.
Emmanuel Serra (hoje mentor do grupo Renantique de música antiga),
o outro guitarrista do Trem Fantasma, foi a 1a pessoa que me falou
dessa banda e desse guitarrista. E me mostrou fitas K7 gravadas em
shows que continham muitos solos viscerais. Ouvir aquilo nos
inspirava a aprender e a tentar tocar melhor. No final dos anos 80
cheguei a assistir um show do outro grupo de Alexandre, o Código
de Acesso,
na Atalaia Nova. E pouco depois disso, Alexandre desapareceu da cena.
Os anos passaram e fui me intrigando: por onde andaria o guitar-hero
sergipano dos 80's? Será que se afastou completamente da Música?
Motivado
pela criação deste blog e pela história contada no excepcional
filme “Searching for Sugarman”, decidi encontrar nosso Alex Van
Halen. E a tarefa foi muito mais simples que a dos bravos
sul-africanos do filme. Uma rápida googleada
pelo nome completo dele retornou muitos resultados. Dr. Alexandre
Diniz Filho é biólogo, professor
titular em Ecologia & Evolução da UFG e pesquisador do CNPq. E
ficou muito animado em contar histórias do tempo em que seus
esforços para salvar o planeta consistiam em atitude, 3 acordes e
muito volume. Isso na esquecida Aracaju do final da ditadura militar.
Preparem-se para uma viagem de 30 anos no tempo, conduzida por nosso
Rock'n'Roll doctor!
Em Londres, na posse como membro da da sociedade Linneana (onde o trabalho de Darwin foi apresentado pela primeira vez, em 1857) |
(Marcus
Vinicius) O
historiador Luiz Antônio Barreto, em artigo publicado no portal
Infonet, destaca que seu pai foi um dos “meninos-cantores” que
fizeram sucesso no rádio, na Aracaju dos anos 50. Você teve um
ambiente musical já de berço? Qual a sua memória musical mais
antiga?
(Alexandre
Diniz) Sim,
é verdade...Desde bem pequeno me lembro de meu pai e meu tio
(Demócrito Diniz) ouvindo discos, comentando arranjos de músicas
etc. Isso era algo bem presente, o tempo todo tinha alguma coisa
envolvendo música. Meu pai até hoje toca piano muito bem, e lembro
quando ele comprou um piano logo que voltamos para Aracaju, em meados
dos anos 70. Mas eu só comecei a me envolver mais concretamente por
música, mais especificamente pelo violão, já na adolescência.
Acho que foi no Natal de 1982 que pedi para meu pai um violão de
presente, e uns 6 meses depois, no meu aniversário em julho de 1983,
ganhei uma guitarra. Foi nesse época que começamos o H20.
Comenta-se
entre os aficcionados, e inclusive a história é contada em detalhes
por Adelvan Kenobi em seu
Dossiê do Rock Sergipano,
que nos anos 80, a bandeira do rock em Aracaju era levantada por
bandas como Perigo de Vida, Karne Krua, Alice, Guilhotina e H2O,
dentre outras. No entanto, parece-me que a mais antiga delas é mesmo
a H2O. Como a banda se formou? O repertório era autoral? Que linha a
banda seguia? Quais os shows e momentos mais significativos?
É
difícil lembrar dos detalhes 30 anos depois...Dessas bandas que você
menciona acho que o H2O é o mais antigo mesmo. Começamos em meados
de 1983, depois que eu ganhei uma guitarra (“Tonante”, acho...),
e meu tio me deu uma guitarra Giannini antiga dele, muito legal. Ai
eu e um colega de escola, o André Horta Melo, começamos a pensar na
banda. Ele morava perto do Mercinho, que tocava baixo, e depois de
algumas tentativas, achamos um baterista, o Adelmo (não lembro como
chegamos a ele). Começamos a ensaiar na casa de uma amigo, o Silvio,
que era vizinho do Mercinho, ali na rua Lagarto, e que brincávamos
que era nosso empresário e produtor. Essa foi a primeira formação
(foi ai que conhecemos o Eduardo, também por meio do Mercinho, foi
nessa época que ele menciona que nos conheceu, na entrevista dele,
ainda na casa do Silvio).
Nessa
época, as influências eram as de sempre, Beatles,
Stones, Queen, Police, Deep Purple, Van Halen, Def Leppard, e Led
Zeppelin,
mas a verdade é que não tínhamos competência para tocar muita
coisa deles, fazíamos uns rifts, uns temas, e íamos levando. Lembro
que tocávamos “As Tears goes by”, uma “lenta” dos Stones,
uns temas do Beatles, “Down em mim” do Barão Vermelho, uma
péssima adaptação do rift de “Smoke on the Water”, o resto
eram canções nossas. Nessa época devíamos ter umas 10-15 músicas
no repertório, todos nós fazíamos algumas canções, nessa época
inicial, especialmente o André. Em termos de estilo, era um pouco
bagunçado, rock mais pesado sem dúvida por causa das guitarras e
rifts, mas sem nada muito definido. Pelas influências tão variadas
de cada um e mencionadas acima, ficava muito indefinido...Lembro que
algumas outras bandas que apareceram mais ou menos na mesma época ou
um pouco depois, inclusive o “Perigo de Vida” do Eduardo e o
“Karne Krua” do Vicente tinham estilos bem mais definidos (e acho
que éramos um pouco criticados por causa da indefinição, mas é a
vida). Depois, já na 2ª. Fase do H20 e no Código de Acesso, a
coisa era um pouco mais elaborada, em termos de rifts mais
sofisticados, mudanças de tonalidade, pausas, combinações de
ritmos e andamentos, etc, por causa do Perrucho, que trazia uma coisa
mais de rock progressivo, e das minhas influências do Malmsteen
(depois comento isso). Lembro que o disco “Synchronicity” do
Police, que saiu nos EUA em 1983, foi um choque...Engraçado é que,
embora nós (pelo menos eu) não tivéssemos muito consciência disso
na época, estamos no meio da ditadura militar, tínhamos que levar
as letras das músicas na Policia Federal antes dos shows, etc. (N.R.: como é que é?!!)
Alexandre, Adelmo, Mercinho e Perrucho |
Com essa primeira formação lembro que demos um primeiro show na praia, acho que no Réveillon de 1983/1984, que foi um desastre, e depois uns 2 ou 3 shows na feirinha de domingo na Praça Tobias Barreto. Nessa época todo mundo andava muito junto, tinha uma galera inclusive que não tocava mas acompanhava todos os shows etc (Silvio, Oscar, Tarcisio Santos, e o Hélder Aragão – que depois viraria uma figura importante em Recife como DJ Dolores, certo?), além do pessoal das outras bandas, especialmente o Eduardo, o Vicente, e depois o Silvio, lembro bem. Logo depois desses shows o Mercinho saiu do H2O, se não me engano foi cumprir o serviço militar e começou a tocar com o Eduardo no recém-criado “Perigo de Vida”. O André saiu também, por causa do vestibular que se aproximava, ficamos Adelmo e eu. Acho que por meio do Adelmo chegamos no Eduardo Perrucho, baixista, e tivemos uma boa fase como “power trio”, com os arranjos mais elaborados de falei acima. Nessa época já tocávamos um pouco melhor, continuamos com uns temas mais instrumentais, o Perrucho era fantástico para criar esses temas, com temas alternados de guitarra e baixo. Fizemos alguns shows ai, em várias festas, inclusive nas festas que o Eduardo também menciona na entrevista dele, umas organizadas, se me lembro bem, pelo Vicente. Começamos a ensaiar de madrugada em um estúdio profissional no centro, de um amigo do Adelmo, isso foi em 1985 (lembro que saia da aula, à noite, e ia ensaiar). Nessa época uma composição do Mercinho e de uma amiga dele – desculpa, não lembro o nome dela - foi selecionada para um festival que houve. Não lembro os detalhes, mas foi ali no “Centro de Criatividade”, e fomos todos la assistir o Mercinho cantando (acho que ele ficou em 3º lugar, mas não tenho certeza). De qualquer modo, o Mercinho cantou super-bem, era um “blues” bem legal e o pessoal que acompanhava os concorrentes era um pessoal profissional da cidade, fizeram um arranjo impressionante. Depois disso o Mercinho voltou a cantar conosco, principalmente para um novo grande festival que aconteceu na Atalaia, no réveillon de 1985/1986 (são desse show as únicas fotos que tenho do H2O – não era o mundo digital de hoje, em que era fácil tirar fotos...). Lembro que o “Perigo de Vida” tocou nesse show também.
Esse
show na praia foi fantástico, acho que foi o ápice do H2O, e
aconteceram algumas coisas engraçadas que, na época, viraram
“lenda”. No final da música que tocamos, que também era uma
composição do Mercinho e dessa amiga dele (acho que o nome era
“Pique da Repressão”), tinha um solo de guitarra. No final desse
solo, a correia da minha guitarra se soltou, e tive que ficar tocando
com ela meio “solta”, “flutuando” no ar (mas não foi
proposital). No final, com a bateria e o baixo “finalizando”,
como estava solta mesmo, terminei jogando a guitarra para o alto e
ela caiu no palco com as cordas viradas para baixo (o que “travaria
o som”). Mas o curioso é que a alavanca segurou isso e deixou as
cordas ressoando e ficou oscilando no chão, criando um efeito
impressionante no final da música...Ai fiquei meio com fama de “Jimi
Hendrix” meio maluco, entende? Mas foi casual, não foi planejado
nem nada. Tinha também essa coisa de tocar com a guitarra sobre a
cabeça, etc.
Depois,
com essa formação (eu, Perrucho, Mercinho e Adelmo) fizemos vários
shows, inclusive alguns no circo do Jorge Lins, na Atalaia (seguindo
a idéia do Circo Voador do Rio, era muito legal). Acho que foi a
melhor fase da banda, mas infelizmente durou só uns poucos meses e
depois disso acabou...Continuei tocando com o Perrucho e montamos,
algum tempo depois, o “Código de Acesso”, com Guto Gama e Jazon
na bateria. Mas aí eu já estava casado, na Universidade (cursando
biologia), que começou a me tomar muito tempo, e a coisa
complicou...Logo depois, em 1990, fui embora para São Paulo para
fazer Pós-Graduação.
Alex Van Halen |
Lembro-me
de Emmanuel Serra (1o guitarrista que conheci e com quem depois
formaria a banda Trem Fantasma, em 1988) me mostrando, maravilhado,
uma fita K7 gravada em algum show. Essas fitas circulavam e nós
iniciantes o tínhamos como um guitar-hero.
Quando e por que você decidiu aprender guitarra? Teve algum estudo
formal? Quem foram suas influências? De que bandas você participou,
e quem fazia parte delas?
Não
sabia dessa influência, mas muito bom saber...Gostaria de ouvir
essas fitas, com certeza. Como disse antes, comecei a tocar violão e
guitarra com uns 15 anos de idade, e logo depois já estávamos com o
H2O. Meu pai e meu tio me ensinaram as coisas básicas e fui por
tentativa e erro. Mas meu pai me ensinou muita teoria de harmonia e
improvisão, conversamos muito sobre isso, ele me mostrava as
escalas, teoria de formação de acordes, etc. Não tenho leitura
rápida de partitura, mas sabia da idéia e consigo ler com calma.
Tive algumas semanas no conservatório, e depois eu e o André
tivemos uma aulas com o Orlando (não lembro o sobrenome dele),
primeiro no centro e depois ali na praia 13 de julho. O Orlando era
(é?) um guitarrista fenomenal e que tinha sido de uma das bandas de
baile famosas dos anos 70, os “Aguias” , eu acho (meu tio havia
cantado nessa banda, e ele que me apresentou ao Orlando). Não havia
a facilidade de hoje, mal conseguíamos comprar as revistinhas de
cifras nas bancas, e o Orlando nos ensinou muita coisa e deu muitas
dicas. Lembro que minha obsessão na época era conseguir “solar”
e “acompanhar” ao mesmo tempo.
Pensando que ser roqueiro nos 80's era fácil ? |
Ganhei
minhas primeiras guitarras e ficava tentando obter o mesmo som que
ouvia nos discos, mas não sabia de pedais etc. Meu pai trouxe de
presente, de uma das viagens dele para o exterior, um “Overdrive”
da BOSS, ainda na primeira fase do H2O, e isso foi muito
impressionante. Lembro como se fosse hoje quando liguei isso na casa
do Mercinho!!!! As guitarras, logico, eram todas nacionais, e a
melhor, que usava no inicio, era um Giannini “Sonic II” que tinha
sido do meu tio. Depois comprei a imitação da Gibson Explorer que
aparece nas fotos do show de 1985/1986, não lembro a marca dela
(acho que era Tonante). Em meados de 1986 fui aos EUA pela primeira
vez e trouxe a Ibanez “Destroyer” com o acabamento sunsburst, que
tenho até hoje, mas aí já foi na época do “Codigo de Acesso”.
Em
termos de influências mais especificas de guitarras, conhecíamos e
falamos o tempo todo da “Trindade” Clapton/Page/Beck, e algum
tempo depois do Van Halen, mas claro que este último estava longe
demais para nós...Acho que no final de 1985 tive contato com o
Yngwie Malmsteen, o “Rising Force” (1º. disco dele) tinha
chegado ao Brasil. Eu já conhecia o Malmsteen por meio de revistas
(uma entrevista da “Guitar Player”), umas partituras, e tinha uma
fita K-7, meu pai sempre trazia coisas para mim das suas muitas
viagens na época. Claro, longe de conseguir tocar algo similar, mas
era o tipo de coisa que eu me esforçava para tentar fazer na época,
e era bem diferente do estilo de outros colegas que estavam tocando
na época. Também nunca tive paciência de ficar ouvindo e tentando
copiar os solos (até hoje não tenho muita, nem paciência nem
competência), até porque não seria nada fácil no caso do
Malmsteen. Além disso, por causa do meu pai, que gostava muito de
jazz e bossa nova, e falava muito disso, sempre valorizei o
improviso, o que me dava, para o bem ou mal, um estilo meio único e
diferente (lembro do Guto Gama me dizendo uma vez que os meus solos
não pareciam muito solos de rock, etc – acho que ele tinha razão
- rsrsrsrsrsrsrs).
Perrucho, Alexandre e um Corcel II |
Toquei
com o H20 e o “Código de Acesso” aí em Aracaju, depois com
algumas outras pessoas e grupos (“Filhos da Crise”?) rapidamente,
mas não sei porque não me lembro mais dos detalhes dessa época.
Chegamos a gravar umas musicas em estúdio nessa época, acho que foi
um concurso...Algo de musica ambiental ou ecológica. Infelizmente
não lembro de quase nada desse período, depois do código de
acesso. Quando fui fazer pós-graduação em Rio Claro, SP, juntei
com uns colegas e chegamos a fazer umas apresentações, tocando
muito Pink
Floyd
principalmente, mas nada muito formal. Nessa época o mais legal era
tocar violão nos botecos, o pessoal todo cantando, isso era uma
coisa que não tinha muito em Aracaju, foi uma boa novidade. Me
beneficiei, nessa época, do aprendizado meio “paralelo” que
tinha com meu pai ouvindo bossa nova e MPB, principalmente tocando
Tom Jobim, Vinicius, Toquinho, Djavan. Quando vim para Goiânia parei
um bom tempo, mas uns 12 anos atrás cheguei a montar uma banda aqui
de Pop com meu cunhado, Olavo Telles, que é hoje musico profissional
aqui em Goiânia, e um primo de minha esposa, e fizemos alguns shows
também. Agora estou parado, mas toco em casa principalmente baixo
com meu filho mais novo, o João Pedro, que já é um excelente
baterista!!!
Você
falou em Malmsteen (todo mundo em algum momento entrou nessa de estudar arpejos e menor harmônica). Você
continuou se atualizando em termos de novos guitarristas e
equipamentos (citando alguns "da moda" entre os
guitarristas: Guthrie Govan, guitarras Suhr, pedais Bogner, etc)?
Não,
infelizmente não tenho muito tempo, minha carreira acadêmica me
toma praticamente 100% do tempo. Continuei comprando os discos do
Malmsteen (por um tempo) e do pessoal mais antigo. Cheguei a tocar
umas coisas do Robert Johnson depois, continuo comprando uns livros
às vezes, principalmente de jazz, mas nada muito sistemático. Da
“nova” geração (que sei que não é, de fato, nada nova –
rsrsrsrsrsrs), escuto umas coisas do Steve Vai e do Joe Satriani (a
série deles do G3 é ótima). Cheguei a usar o GuitarPro (que é
fantástico) um tempo para aprender mais solos e rifts, e
eventualmente uso os recursos atuais da Web para ver uma ou outra
coisa que me interessa (mas coisas antigas). Fico sempre
impressionado com a facilidade que há hoje para aprender a tocar,
com as cifras, tablaturas, vídeos e aulas online,
impressionante...Meu filho me mostra algumas coisas novas às vezes,
mas nada que me chame muita atenção. Continuo sendo nostálgico, e
a falta de tempo não ajuda!
Voçê
ainda toca guitarra? A Destroyer (hoje um item raro, desconfio)
continua 100% operacional?
Destroyer: EVH & Smith-approved |
Jam com Nick Gotelli, 2006 |
Em
algum momento você chegou a considerar a Música como opção
profissional, ou seja, viver de Música?
Naquela
época do H2O acho que todos pensávamos nisso, e acho que teria sido
possível. Claro, é sempre muito difícil, é uma carreira que só
surge com muita sorte, além de oportunidades. Mas éramos muito
jovens e imaturos, e perdemos algumas boas oportunidades que poderiam
ter desencadeado isso. Não sei, mas considerando a explosão que
houve no rock nacional depois, em retrospectiva acho que se
tivéssemos tido orientação e alguém mais experiente tivesse tido
essa visão ai em Aracaju, poderia ter acontecido...
Pedi a Emmanuel que também falasse alguma coisa sobre Alexandre e o H2O, eis seu depoimento:
Bem, Marcus, em primeiro lugar parabéns pela sua iniciativa do blog, acredito que ajudará a contar a História do Rock em SE, posso ver logo por essa entrevista com o Alexandre.
Emmanuel e seu alaúde: o ângulo de 17 graus no headstock das Les Pauls era pouco... |
Não tenho muito o que acrescentar em relação ao Alexandre, a entrevista está bem completa, e na posição de "fã" que eu era dele e do Mercinho, o que eu mais me lembro é da guitarra do Alexandre, tentando envenenar seus captadores e pinturas no corpo dela como Van Halen fazia em suas guitars, os pedais da Boss overdrive, delay e acho que um chorus, e, claro, dos grandes shows na praça Tobias Barreto (N.R.: Em meados dos anos 80 havia shows todo domingo na concha acústica da praça. Não existiam ainda shoppings e a feirinha dominical era o grande point da juventude), em alguns bares e acho que teve o H2O também no Amoras e Amores na Coroa do Meio.
É isso aí, cara, bons tempos que não voltam mais, e a galera dessa nova geração que faz esses sons acha que aqui nunca teve nada, teve muita coisa boa, dentre dos limites técnicos, artísticos e musicais de cada um que não tinha onde estudar nesse "fim de mundo", e eram muito talentosos.
Muito boa e esclarecedora a entrevista de Alexandre. Parabéns mais uma vez, Vinnas. Interessante a referência de Alexandre a Orlandinho Habilidade, guitarristas dos Águias, um mito da guitarra em Sergipe.
ResponderExcluir