No
mês de setembro/13 passei 2 dias em Salvador, hospedado na casa de
Thiago Ribeiro, um sobrado – construído há uns 90
anos, segundo ele – encravado no coração do bairro de Brotas. No
andar térreo Thiago pilota seu Estúdio Carranca SSA, cuja sala de
ensaios/gravação possui uma das melhores acústicas que já ouvi.
Chegando lá no meio da tarde de uma quarta-feira, conheci seu
projeto “Toco Y Me Voy”, que ensaiava naquele momento. A
descrição oficial (conforme perfil no Facebook) é esta:
A
TOCO Y ME VOY é formada por:
Thiago Ribeiro, compositor, guitarrista e vocalista, natural de Aracaju, músico e produtor de artistas como Scambo (SSA), Val Macambira(SSA), Maracatu Bizoro Avoador (SSA), Patrícia Polayne (SE), Maria Scombona (SE) e de seu projeto solo intitulado FRAGMENTADA, lançado em 2010. Formado em Composição pela UFBA, foi ganhador do prêmio de melhor arranjo no VII Festival de Música Educadora FM Salvador com a música "Sombra" de sua autoria.
Daniel Neto, acordeonista, natural de Ilhéus/BA, estudante de Composição – UFBA, vencedor do 5º Festival de Sanfoneiros de Feira de Santana com o prêmio de Júri Popular e Destaque Especial do Júri Técnico. Também foi premiado com a quadrilha junina Asa Branca no 8° Concurso Nacional de Quadrilhas Juninas, realizado no Tocantins.
Gustavo Marimbá, baixista, natural de Florianópolis, trabalhou com bandas como Maracatu Bizoro Avoador e Marimbá. Diretor musical do CD “Cada Cabeça É Um Santo” da Banda Soteropolitanos e do CD “Depois da Ilha” de Bruno Aragão.
Ricardo Flocos, baterista, natural de Salvador, músico atuante na cena soteropolitana, trabalhou com bandas como Galvão (Novos Baianos), Abel do Ere, Yure da Cunha (Angola) e Scambo.
Thiago Ribeiro, compositor, guitarrista e vocalista, natural de Aracaju, músico e produtor de artistas como Scambo (SSA), Val Macambira(SSA), Maracatu Bizoro Avoador (SSA), Patrícia Polayne (SE), Maria Scombona (SE) e de seu projeto solo intitulado FRAGMENTADA, lançado em 2010. Formado em Composição pela UFBA, foi ganhador do prêmio de melhor arranjo no VII Festival de Música Educadora FM Salvador com a música "Sombra" de sua autoria.
Daniel Neto, acordeonista, natural de Ilhéus/BA, estudante de Composição – UFBA, vencedor do 5º Festival de Sanfoneiros de Feira de Santana com o prêmio de Júri Popular e Destaque Especial do Júri Técnico. Também foi premiado com a quadrilha junina Asa Branca no 8° Concurso Nacional de Quadrilhas Juninas, realizado no Tocantins.
Gustavo Marimbá, baixista, natural de Florianópolis, trabalhou com bandas como Maracatu Bizoro Avoador e Marimbá. Diretor musical do CD “Cada Cabeça É Um Santo” da Banda Soteropolitanos e do CD “Depois da Ilha” de Bruno Aragão.
Ricardo Flocos, baterista, natural de Salvador, músico atuante na cena soteropolitana, trabalhou com bandas como Galvão (Novos Baianos), Abel do Ere, Yure da Cunha (Angola) e Scambo.
Descrição
Sons
vindos de berços musicais distintos, com sotaques carregados na
mochila da história de quatro músicos se fundem em um projeto
criativo, multicultural e divertido intitulado TOCO Y ME VOY.
A banda traz em sua essência a fusão musical, a liberdade de combinar ritmos e estilos diversos e em busca de uma música sincera, genuinamente brasileira, que represente a particularidade de cada componente e a universalidade da música contemporânea.
A banda traz em sua essência a fusão musical, a liberdade de combinar ritmos e estilos diversos e em busca de uma música sincera, genuinamente brasileira, que represente a particularidade de cada componente e a universalidade da música contemporânea.
The Red Beetle |
No
dia seguinte fui a uma gig num espaço no Rio Vermelho. Percebi nesse
show pelo menos uns 20 estilos e ritmos diferentes, tudo a serviço
da boa Música. Um som espontâneo, bem
tocado, bem produzido, diferente e original. Uma world music
do cabrunco!
Vamos
saber mais sobre o cantor, compositor, guitarrista, arranjador e produtor aracajuano, sua
carreira e e seus projetos:
Marcus
Vinicius: Thiago, dividimos o palco em março
de 1991, num festival de bandas no Teatro Atheneu, todo mundo garoto ainda. No ano seguinte
vi a Desvio Padrão no Festival Ponta de Mar, a banda coesa e
você arrebentando, cantando Pearl Jam. Depois disso nosso contato
ficou mais esparso, porém sempre muito rico, como quando fomos sidemen de Rubens Lisboa no Yazigi Acoustic Sessions e em 2003, quando pegamos
24 h de busão Aju-Fortaleza para a Feira da Música, eu na
banda-base dos artistas locais e você na Maria Scombona. Quais caminhos musicais você trilhou nesses últimos 20
anos?
Thiago
Ribeiro: Pois é, foi exatamente em 1991 que comecei a tocar
guitarra! Começar com a Desvio Padrão foi maravilhoso! Éramos uma
banda de verdade! Éramos jovens, amigos, musicais, criativos e a
banda nos permitiu dar vazão a tudo isso! Fomos contaminados pelo
processo de criação musical em grupo e, de uma maneira bem
intuitiva, nos transformamos em músicos! Foi o início de tudo!
Desde
então mudei para Salvador, trabalhei com vários artistas da Bahia e
de Aracaju como guitarrista, violonista e arranjador. Em 1996 fui
morar na Inglaterra onde estudei guitarra na antiga Musicians
Institute, hoje London Music School. Toquei em pubs, casas noturnas,
estações de metrô e como músico de rua em alguns países da
Europa. Mudei para Granada/ Espanha onde estudei flamenco com um dos
guitarristas atuantes na cena local chamado José Maria.
Voltei
para o Brasil em 1999, montei o Estúdio Carranca SSA em 2001, mais
ou menos, me formei em Composição pela UFBA em 2007 e desde então
trabalho com produção musical, arranjo, gravação e mixagem.
Lancei meu primeiro trabalho autoral intitulado Fragmentada em
2010 e em Novembro de 2012 lancei meu novo projeto Toco Y Me Voy.
Com a Maria Scombona, 2003 |
Quanto às influências... Tudo que me diz alguma coisa, me influencia de alguma maneira! Tentando ser específico, vamos lá:
Compositores:
Renato Russo, Cazuza, Chico, Caetano e Gil (pra variar), Alceu
Valença, Luís Gonzaga, Jimmy Page, John Paul Jones, etc.
Cantores:
Renato Russo, Eddie Vedder, Jeff Buckley, Bruce Springsteen, etc.
Guitarristas:
Jimmy Page, Eric Clapton, Michael Hedges, Eric Roche (N.R.: Eric, falecido em 2005, foi professor de Thiago no M.I. A música ERIC, gravada por Guthrie Govan no álbum Erotic Cakes, é dedicada a ele), Pat Metheny,
Paco de Lucía, Tomatito, Django Reinhardt, etc.
Você
viveu a música informal primeiro para depois viver a formal. No
entanto sua música soa muito experimental e autodidata. Que papel a
Academia teve na sua formação? Fez diferença você ter concluído
o curso? (N.R.: muitos músicos e artistas baianos conhecidos
passaram pela Escola de Música da UFBA sem, no entanto, terminarem a
graduação).
Acho
que a Academia me deu mais artifícios para traduzir meu processo
criativo musical e melhorou consideravelmente minha comunicação
dentro desse universo. Mas a maneira de compor que me é mais natural
continua sendo a mesma, ela surge! As canções simplesmente vêm na
cabeça. Daí entra o estudo pra estruturar esse impulso criativo.
Mas sempre opto por não rebuscar demais! Talvez por isso minha
música soe tão experimental e autodidata pra você, porque tenho um
compromisso com esse momento da criação e tento manter esse frescor
e essa espontaneidade até o resultado final.
As
composições do TYMV são todas de sua autoria? Que influências a
banda tem? E por que a aposta na “world music/alternative”? (com
o perdão por rotular).
Sim,
as músicas são minhas e algumas em parceria com a banda. Na verdade
o “world music” é um resultado da linha de trabalho da TOCO Y ME
VOY. Ou seja, quando chego com uma música nova, espero que cada
componente imprima suas características, suas influências nela
afinal de contas somos um banda! Resultou nesse som cosmopolita e
experimental.
Ouvindo
as músicas da TYMV notei um caldeirão imenso de ritmos, muitos
apenas sugeridos durante poucos segundos, como se o ouvinte tivesse
de “garimpar” pra descobrir. Nos vocais, os backings o são
de fato, ocupando um plano bem “dentro” do som. A sutileza é uma
característica de seu trabalho? Poderia falar mais sobre isso?
Os
arranjos da TOCO Y ME VOY brincam com a proximidade que existe entre
os ritmos de diversas partes do Brasil e do mundo. Tentamos traçar
um paralelo entre diferentes estilos sem que soe forçado ou pouco
natural. Nesse caso a sutileza é importante porque ela sugere mais
do que define cada estilo. Tentamos também executar ao vivo algo bem
próximo do que se ouve no CD por isso os vocais são tão “dentro
do som”, já que os outros 3 componentes da banda não são
cantores.
No
show no Rio Vermelho vi poucos - porém muito entusiasmados - fãs.
Qual a estratégia da TYMV para angariar mais fãs?Como você vê o
cenário atual para os artistas que nadam contra a maré como a TYMV?
Ainda é possível/desejável apostar nas formas tradicionais de
mídia, como Rádio e TV?
Toco Y Me Voy, 2012 |
A
estratégia atual da TOCO Y ME VOY é fazer um monte de shows,
enquanto for possível e divertido! “O artista tem de estar onde o
povo está”; criar movimentos artísticos musicais com outras
bandas e artistas é uma boa estratégia também, pois fortalece o
seu projeto e o dos parceiros; usar e abusar da Internet como a maior
ferramenta de divulgação dos artistas independentes como a TOCO Y
ME VOY; tocar no rádio, na TV, no elevador, na música ambiente!
Kkk! Acho também que nadar contra a maré é fazer o que não sabe
ou o que não gosta! Se você é artista, você faz arte porque
precisa, antes de qualquer outra coisa!
Seu
vocal me soa um pouco como Eddie Vedder/Jeff Buckley, e talvez seja o
elemento “rock” ainda mais forte no som que você faz hoje. Sem
no entanto os “excessos dramáticos” (do segundo principalmente).
Soar mais “sob controle” ajuda a destacar as letras, em minha
opinião. Você poderia falar mais sobre isso?
Obrigado
pelas comparações, eu realmente ouvi bastante os dois, kkk! Acho
que cheguei a um ponto hoje como cantor e artista que consegui
combinar esse mundo de influências em uma linguagem que me é
natural. As influências estão lá sim, mas de uma maneira sutil e
transformada. A TOCO Y ME VOY carrega essas influências mas de uma
maneira mais madura, mais leve também! Aliás, a leveza é um dos
pilares do projeto talvez por isso o “drama” a que se referiu não
esteja tão presente.
Vi
que você usa uma “Frankentele” com escala de Les Paul (N.R.:
de comprimento 24,75” contra o padrão original de 25,5”).
Por que a opção por uma guitarra digamos, diferente? Você não
liga, como a maioria dos guitarristas, para as “marcas de grife”?
Adoro
Fenders e Gibsons!! Mas a busca por uma sonoridade e visual
diferentes é o que me estimulou a montar a Frankentele”. Cada
guitarra tem suas características que interferem diretamente na
minha maneira de tocar e até pensar a música. Com a “Frankentele”,
uso cordas 0.11 (porque uso muita scordatura e slide - N.R.: scordatura é o termo em italiano para afinações alternativas) e isso me
obriga a tocar com mais pegada!
Você
passou pela fase “8 h/dia trancado tirando solos de Jimi/Van
Halen/Malmsteen etc?” E hoje, mantém alguma rotina de
estudos/prática de guitarra (ou de outros instrumentos)?
Passei
algo parecido! Mas ouvindo blues, Muddy Waters, Eric Clapton, Stevie
Ray Vaughan, um pouco de Metallica, Megadeth, Led Zeppelin, George
Benson, Pat Metheny, Tomatito, Paco, etc. Nunca tive muito saco para
tirar solos, kk! Passava muito tempo com a guitarra tocando, criando,
descobrindo mais do que copiando!
Notei
bandolim em algumas músicas (ou seria o primo americano?), cujo timbre
contribui com a leveza já citada. Muitos guitarristas já o
utilizaram, porém em detalhes de músicas (como Steve Howe, do Yes).
Você o trouxe mais "pra frente" do contexto. Como e por
que a associação com esse instrumento?
É
um bandolim sim, o
detalhe é que toco como um banjo!! Foi apelidado de "banjolim"
por isso! Primeiro
pelo mesmo motivo da "Frankentele", a busca por outras
sonoridades e segundo porque, como sou muito limitado com
"banjolinista", comecei a compor de uma maneira mais
simples e gostei disso!
Como
é manter um excelente estúdio de gravação numa época em que todo
mundo quer gravar tudo em casa, e a venda de CDs deixou de ser fonte
de renda para o artista?
A
proposta do Estúdio Carranca SSA é exatamente essa! Oferecer o
conforto e a informalidade de uma casa com a qualidade profissional
de gravação que é bem difícil de se conseguir em um home studio!
Aqui o artista fica a vontade pra ver TV, cozinhar e até dormir!
Kkk!
Quais
os novos projetos da TYMV? Podemos esperar um show em Aracaju para
quando?
A
TOCO Y ME VOY deve lançar ainda esse ano o TOCO Y ME VOY Lado B, que
é a segunda metade do projeto que lançamos em novembro do ano
passado! Ao invés de lançarmos todas as músicas de uma só vez,
decidimos dividir o CD em dois! Esperamos sim tocar em Aracaju esse
ano ainda e estamos nos movendo para isso!
Fique
à vontade e mande uma mensagem para os fãs da banda (e para os fãs
em potencial).
Acessem
nosso site:
www.tocoymevoy.com.br e baixem músicas, vídeos e fotos!
Divulguem
para os amigos, se gostarem da TOCO Y ME VOY e pra os inimigos, se
não!!!
Grande
abraço a todos!
Thiago
Ribeiro.Coletânea de links
Minhas favoritas são:
Ensaio no Carranca SSA
Contato para shows:
071- 8789 7999
tocoymevoy.music@gmail.com
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