O convidado de hoje do blog é o baterista Rafael Jr. Quando fiz
parte da banda Sulanca, em turnê pelo estado de São Paulo no ano de
2000, o setor de RH da banda entendeu que deveríamos dividir o
quarto, "por termos temperamentos parecidos", devem ter imaginado. O que passa longe da verdade: Rafael exerce uma influência silenciosa,
destacando-se pela ponderação, discrição e equilíbio, ao passo
que minha tendência é à imprevisibilidade. Bem...talvez
tenha sido por isso mesmo que nos juntaram. Findou sendo sábia
a decisão, pois terminamos a turnê sem o mínimo sinal de ranço ou
desgaste.
Treze anos depois, eis que
classifico uma música de minha autoria, "Universe" (que inclusive foi objeto do post anterior) para o festival Sescanção 2013. Na banda-base, lá estava Rafael. O
baterista de Indie Rock que conheci no final dos 90s tornara-se um
músico versátil, capaz de acompanhar com autoridade o desfile de
estilos variados que assolou o Teatro Atheneu, num Halloween em que, se as
bruxas se soltaram, voaram pra muito longe, pois a festa da Música
foi impecável.
Então, leitores, é com
muita honra que publico neste singelo espaço as palavras sempre
eloquentes de Rafael Jr., um músico sergipano eclético e talentoso que hoje
colhe os frutos de sua dedicação e perseverança semeadas ao longo
dos últimos 20 anos.
(Vinnas) Conheci você no final dos anos 90
tocando sons indie com a Snooze, hoje no entanto você é dos
músicos mais ativos e ecléticos da cena sergipana, tocando jazz,
rock, freelancers etc. Como se deu essa metamorfose e a que você
credita sua credibilidade e versatilidade atuais?
(Rafael) As coisas não acontecem
da noite pro dia, foi um processo que durou muito tempo, a longo
prazo mesmo. Foi difícil, no início, me dissociar da imagem de
“rockeiro” ou “baterista da Snooze”. As pessoas não me
chamavam pra tocar. A primeira oportunidade que tive de tocar música
popular veio com a Maria Scombona em 1995, eu era muito “duro”
ainda e tinha dificuldade de tocar ritmos do Nordeste e com dinâmicas
mais baixas... Depois vieram trabalhos com Joésia Ramos, Nino
Karvan, Alex Sant´anna, bandas de cover que tocavam no Tequila Café,
etc. E aí veio a Sulanca, que me ajudou muito. Paralelamente, eu
tocava música clássica com a Orquestra Sinfônica, e tudo isso
junto foi me dando um certo background pra atuar de forma consistente
em diversos “ramos”, digamos assim. Outra coisa que ajudou muito
foi tocar em barzinho com dinâmica baixa, acompanhando cantores de
MPB com vassourinhas (o mais constante foi Eddy Felix, durante uns 2
anos no Teimonde, todo sábado). O jazz veio depois, há menos de 10
anos pra cá, e foi outra nova escola pra mim. A versatilidade vem
disso tudo aí “junto e misturado”. Sobre credibilidade, acho que
vem da seriedade com o trabalho, do bom relacionamento com as
pessoas, etc. Procuro cumprir todos os horários e compromissos da
melhor forma possível, procuro manter a comunicação fácil e
fluida, procuro respeitar todos os colegas de profissão... São
regras básicas de convivência, que aliadas ao fato de fazer bem os
trabalhos, geram essa tal credibilidade a que você se refere.
Fortress: primórdios |
Quais as influências de Rafael
Jr.? Na bateria e na Música em geral?
São tantas que não dá
pra listar tudo. Como baterista eu me divido em vertentes, de acordo
com o que toco e ouço. Meu início foi no rock e Neil Peart era a
principal referência, hoje me vejo cada vez mais distante desse tipo
de “super baterista”, técnico e virtuoso, apesar de admirar
muito. Então cito sempre o que ficou em mim, que é o estilo mais
básico e ao mesmo tempo explosivo de Ringo Starr, John Bonham, Keith
Moon e Carmine Appice, autor do método que estudei no início e que
ainda uso pra dar aula a iniciantes. Num outro campo, os bateras de
jazz que ouço mais são Buddy Rich e Gene Krupa, ainda são
atualíssimos e impressionantes. Na música brasileira, gosto de
samba jazz (Edison Machado, Milton Banana, Dom Um Romão, Rubinho
Barsotti, Wilson das Neves, Airto Moreira, Robertinho Silva) e
preciso citar Paulinho Braga e Nenê como pilares da bateria moderna
brasileira, em trabalhos que devem ser ouvidos com gente como Hermeto
Paschoal, Egberto Gismonti, Elis Regina, João Bosco e Milton
Nascimento. Uma última vertente, que entrei de cabeça nos últimos
10 anos, é a soul music, e ouço basicamente os caras que tocavam
com James Brown (Jabo Starks e Clyde Stubblefield), bateristas das
gravadoras Motown e Stax (Al Jackson Jr), etc. Outros que tenho
ouvido muito nos últimos 5 anos são Zigaboo Modeliste (The Meters)
e o nigeriano Tony Allen, que tocou nos discos de Fela Kuti e
inventou o “afrobeat”.
Ao mesmo tempo que citei
todos esses bateristas, digo que ouço música sem pensar
especificamente na bateria, mas em termos gerais. Normalmente esses
caras estão envolvidos com grandes artistas e compositores,
produzindo ótima música com sutileza, groove consistente e/ou
idéias simples ou originais. Gosto de coisas básicas e cruas
também, ainda ouço punk rock! Um de meus artistas prediletos é o
Elvis Costello, e as pessoas que tocam comigo também me influenciam
(Alejandro Habib, Saulinho Ferreira, Robson Souza, Fabinho Snoozer e
tantos outros). Meus professores também me influenciaram: Wallace
Patriarca, Tony Batera, Carlos Ezequiel.
Faça um histórico de Rafael Jr:
como despertou o interesse pela Música, com quem estudou, por quais
bandas passou, etc.
Eu sou de 73, e no fim
dos anos 70 e nos anos 80 ouvia-se muita música boa em minha casa,
era cheio de vinis de Caetano, Chico Buarque, Gil, Elis etc. Aquelas
coleções de MPB da Abril, tinha tudo lá, caixas e mais caixas.
Cresci ouvindo isso, e também ouvindo minha mãe cantar nas serestas
familiares com meus tios (um deles é Beatlemaníaco e nos aplicou os
fab four em 1986 gravando coletâneas em fitas cassete). Acompanhei o
“boom” do rock nacional e gostava de Titãs, Legião Urbana, IRA
e Paralamas, fazia “air drum” e rasgava sofás no fim dos anos
80, batucando. Nessa época eu já me interessava pelo “subterrâneo”
lendo a revista Bizz e buscando bandas como Finis Africae, Fellini,
Violeta de Outono, De Falla, etc. Aí uns críticos começaram a
falar de bandas britânicas e americanas ali pelo fim dos anos 80 e
eu só fui ter acesso comprando discos na virada da década de 90,
colecionando vinis de Jesus & Mary Chain, Husker Du, Pixies,
Sonic Youth, Cocteau Twins, etc. Essa “fase indie” não passou,
hehehe, gosto de tudo isso e ouço até hoje, mas fui retomando as
coisas antigas da MPB e descobrindo novos sons, ouvindo folk, jazz,
algo de música clássica e depois soul music. Ouvindo, lendo,
pesquisando sempre.
Uma namorada me levou até
a academia de música Carlos Gomes em 1991 e lá estudei um pouco com
Valdeleno, que era baterista da Karne Krua e me levou num ensaio.
Tomei contato com a cena local e comprava discos na Lokaos de Silvio
(hoje Freedom). Depois entrei no Conservatório e estudei com Wallace
Patriarca, um pernambucano que passou cerca de 10 anos por aqui e
hoje está na Sinfônica de Goiânia. Ele tinha sido aluno de Antônio
Barreto e de Luiz Anunciação, o Pinduca, sergipano radicado no RJ e
aposentado da Sinfônica Brasileira, além de regente de orquestras
na Globo (faleceu recentemente). Ali foi a grande escola, 3 anos
estudando sério, até ele ir embora e me deixar pronto pro concurso
da ORSSE. Paralelamente fiz aulas particulares com o incrível Tony
Batera, que não tinha nem formação nem didática, mas uma grande
experiência de vida e dedicação ao instrumento. Me ensinou a tocar
ritmos latinos e brasileiros, e tivemos uma grande amizade. Eu ando
preocupado porque soube que ele está doente, sem trabalho, mas não
tenho muito contato. Ele tem uma fama de “doido”, mas pra mim é
um ser humano sensível e que não teve muitas oportunidades e
orientação na vida. Ele não aceitava o dinheiro das aulas, eu
levava peles, baquetas, vassourinhas... Ele ficou amigo do meu pai,
tinha uma relação além de professor-aluno.
Nessa época (início dos
anos 90) toquei numas bandas de rock pesado com Hugo Leonardo Ribeiro
e depois formei a Snooze com meu irmão, que está aí até hoje.
Sobre as bandas que passei já falei antes, e depois fui tentando
participar de todos os cursos e workshops possíveis, foram muitos!
Fiz umas aulas avulsas com Carlos Ezequiel (alagoano formado na
Berklee, professor do Souza Lima em SP) e tentei retomar o
conservatório recentemente pra estudar xilofone com James Bertisch,
multi-instrumentista curitibano que toca na ORSSE, mas não tô
conseguindo arrumar tempo, mesmo depois de formado! Fiz aulas com ele
na UFS (na disciplina de percussão), participei de trabalhos com a
direção musical dele (Sescanção, CD de Heitor Mendonça), é
outro amigo recente e hoje ele ainda é meu sub de bateria no
Quarteto Clube do Jazz, além de fazer uns shows com o Ferraro
tocando teclados!
Todos os músicos que tocaram comigo na Sulanca destacam a experiência como muito relevante, mormente a turnê pelo estado de São Paulo. Qual o
impacto que a banda teve em sua formação (e continua tendo, já
que você ainda é integrante)?
Todos os trabalhos que me
envolvo são importantes e de alguma forma aprendo algo novo, mas na
Sulanca foi algo sem precedentes, até aquele período (1998 ou 99,
eu acho).
Vinnas e Rafael: Sulanca, 2000 |
Conhecer a fundo a cultura popular sergipana foi uma forma
de me conhecer melhor. Aprender cada fraseado de percussão de cada
uma das inúmeras manifestações folclóricas existentes no Estado
me abriu horizontes, me fez um músico melhor, com um vocabulário
ritmico mais abrangente também. E aquela experiência nenhuma
faculdade vai trazer, é a música do nosso povo transmitida pela
oralidade. Me sinto agraciado por aquelas informações terem chegado
até mim. Fora isso, toquei com grandes músicos na banda, a exemplo
do falecido Gilson Batata (baixo) e os percussionistas Pedrinho
Mendonça e Ton Toy. Aprendi e aprendo muito com eles, e também com
Jorge Ducci, o idealizador de tudo. Infelizmente não há uma
continuidade no trabalho da forma que eu gostaria de ver, a banda
está muito afastada do cenário atual, e isso é uma pena.
Seu TCC (nota: Rafael é formado em Música pela UFS) aborda o início das gravações fonográficas em Sergipe. Por que abordou o assunto, considerando a relativa decadência atual da mídia gravada em detrimento de Internet, MP3, youtube, pirataria etc?
Abordei o assunto por uma
questão de paixão pessoal mesmo, já que sou apreciador e
colecionador de discos desde os tempos do vinil, além de atuar em
gravações em nosso pequeno mercado. O foco na verdade é a
comparação entre produções locais nos anos 1980 e nos dias
atuais, independente de formato. Mas tive que fazer um retrospecto do
início desse processo de produção fonográfica por aqui, através
de pesquisa com fontes orais, algo que foi muito pouco abordado até
então, com exceção para o historiador Luís Antônio Barreto, já
falecido. Cheguei a entrevista-lo, e mergulhei em seus artigos para o
portal infonet. Quem tiver interessado em ler o trabalho, está
disponível pra baixar em pdf aqui, depois da entrevista, ou no site
da OBSCOM, da UFS (do pessoal que produziu o Catálogo da Música de
Sergipe). O título da monografia é “O FENÔMENO FONOGRÁFICO EMARACAJU: UMA ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE DISCOS PRODUZIDOS NA DÉCADADE 1980 E NA ATUALIDADE”.
Falando em TCC, o seu se utiliza
de linguagem acessível, sem perder o conteúdo e o rigor dos
trabalhos acadêmicos. Parabenizo-o e gostaria que você falasse
mais sobre os percalços que enfrentou para produzir trabalho tão
significativo quanto inédito.
Obrigado pelas palavras,
você foi um dos primeiros interessados em ler o trabalho, quando eu
ainda estava produzindo, e agora continua colaborando com a parte da
divulgação. Os percalços foram o de qualquer trabalho acadêmico,
tem que ralar e correr atrás das informações, tem que dispor de
tempo e dedicação, tem que adequar o conteúdo às regras
acadêmicas. Meu problema pessoal foi conciliar a feitura do TCC com
minhas atividades de músico e pai de família, foi difícil e por
isso mesmo demorei mais de 1 ano e meio pra concluir, depois de
acabar todas as disciplinas do curso de Música da UFS em 4 anos...
Contei com a orientação e paciência do professor João Liberato,
que ajudou muito, mas não tem jeito: é você que tem que ir lá e
escrever! Outras pessoas que ajudaram e preciso agradecer: o
professor e amigo Hugo Ribeiro, a colega Kadja Emanuelle e os
artistas que entrevistei: Julico (The Baggios), Rubens Lisboa, o
pessoal do Cataluzes, Paulo Lobo, Lula Ribeiro e Alcides Mello, entre
outros. Todos foram solícitos em conceder seu tempo, informações e
material.
Você teve atividade relevante no
mundo dos Fanzines, continua produzindo material escrito, afora
TCCs?
Fiz fanzines entre 1995 e
1999, depois colaborei um tempo escrevendo em outros zines, em blogs
e sites de música Brasil afora, e no jornal local Cinform, onde eu
tinha uma coluna durante um tempo. Ainda recebo discos mas não
escrevo muito, vez ou outra faço um post no Facebook sobre algum
disco independente que gostei e que acho que merece uma maior
divulgação, uma espécie de resenha sucinta. Parei mais de escrever
quando tava virando uma obrigação, ficou chato. Além do mais as
pessoas estavam começando a me chamar de "crítico musical”,
aí eu fugi mesmo! hehehe.
Você graduou-se na Faculdade de
Música quando já contava com uma carreira bem estabelecida na cena
Sergipana. O que levou você a encarar a Academia e o estudo formal?
De que maneira isso agregou à sua formação?
Eu fiz Administração
nos anos 90 e não concluí, optei pela música “full time” e
mantive um compromisso pessoal de voltar à graduação apenas quando
abrisse o curso de Música na UFS, já que eu estava preso a Aracaju
por conta da família e de emprego formal (primeiro como músico da
Orquestra Sinfônica e depois da Banda do Corpo dos Bombeiros). Eu já
sabia da importância do estudo formal aliado à vivência prática
da música popular, já tinha passado pelo Conservatório de Música,
etc. Em 2007 abriu o curso, prestei vestibular e entrei na primeira
turma. Eu já dava aula, mas não era “educador” (são coisas
diferentes, e a maioria dos professores de bateria não entendem
isso). Não tenho nem como citar tudo
o que agregou à minha formação
e carreira. Primeiro que eu ACHAVA que entendia de música, mas eu
entendia de “música pop contemporânea” e algo de teoria
musical, principalmente rítmica. E só. Quando você estuda História
da Música, e estamos falando de séculos de desenvolvimento da
linguagem musical, vê que “o buraco é mais embaixo”. O que eu
posso fazer é citar as disciplinas do currículo e recomendar a
qualquer jovem que pretende ser músico (de verdade) a ingressar no
curso: Estruturação Musical, Percepção Musical, Prática de
Conjunto, Canto Coral, Prática de Regência, Metodologia do Ensino
da Música, Fundamentos da Educação Musical, Etnomusicologia,
Instrumento (flauta, piano, canto, percussão), Novas Tecnologias e
Educação Musical, Música e Cinema, etc etc etc... Fora isso ainda
temos o estágio prático ensinando em escolas do município e da
rede estadual, os simpósios de educação musical e a produção do
trabalho acadêmico, além do convívio com músicos de faixas
etárias distintas, gente do rock, da música erudita, de igreja, de
bandas filarmônicas, de banda de forró... Não tem como não tirar
bom proveito de tudo isso!
Com a Maria Scombona |
Como você vê a cena da música
sergipana atual? Me parece que assistimos a uma pujança nunca antes
vista na história deste país do forró. Ou é só impressão? O
que destacaria de prós e contras nesse novo status quo?
Não é impressão. A
cena está mais diversificada, mais profissional, muito músico jovem
bom, muita banda legal. E olhe que com o tempo nossos ouvidos ficam
mais críticos, mas eu sou um entusiasta. O problema é que não tem
espaço e público consumidor pra tudo, isso é normal. Então existe
uma seleção natural e muitos desistem logo, sobram os que se
dedicam de forma mais apaixonada e a longo prazo, fazendo discos e
formando público dentro e fora de Sergipe. Quem chega por moda,
vai-se logo. Às vezes tem muito “oba-oba” em cima de coisas
pouco consistentes mas isso é normal, não é um fenômeno local. O
“hype” tem em todo canto, faz parte.
Ferraro Trio |
Quais foram suas experiências
musicais mais relevantes? Show inesquecível, performance memorável
etc?
Eu encaro com seriedade
qualquer gig, pode ser um barzinho pra pouca gente, um pub, etc. É
trabalho do mesmo jeito, e é diversão porque gosto do que faço.
Inclusive eu prefiro tocar em local pequeno do que em palco grande.
Em teatro, por exemplo, é ótimo porque as pessoas vão ali com o
objetivo de ouvir música, não é uma “balada” com som de fundo.
Vou tentar citar as experiências mais relevantes:
- Curso de 1 mês em
Londrina/PR com o pessoal da UNESP, liderada pelo americano John
Boulder, doutor em percussão (o cara foi aluno de Vic Firth, da
sinfônica de Boston, um pilar da percussão erudita no século XX).
Foi em 1994, 1 mês estudando o dia todo, de manhã e de tarde, e a
noite a gente assistia concertos diversos. Gente do Brasil todo,
muito conhecimento. Quando voltei, prestei concurso pra ORSSE e
passei, fiquei lá de 1995 a 2002, quando fui pra Banda dos
Bombeiros.
- Tours e shows em
festivais pelo Brasil com a Snooze, de 1996 até 2006 principalmente.
Destaque para duas edições do “Goiania Noise Festival” em 2002
e 2006. Fomos em todas as capitais do Nordeste (exceção para São
Luís/Maranhão), shows em SP e Rio, etc. Nessa época passávamos na
MTV (clip, entrevistas), não parava de aparecer show em todo
lugar...
- Tour de 1 mês com a
Sulanca em SP, pelo Sesc. 21 shows em 19 cidades, e você era meu
parceiro de quarto e aguentava os roncos! hehehe. Foi em 2000.
- Apresentação com o
pianista paulista Marcelo Bratke e o baterista Pantico Rocha (ele
toca com Lenine, Maria Bethânia), no auditório do Conservatório de
Música. Era um circuito do Banco do Brasil e eles contratavam
percussionistas locais, fui lá com Pedrinho Mendonça e lembro que
foi a primeira vez que recebi um cachê maior, mais digno (hehehe),
era algo como mil reais hoje. Foi entre 2000 e 2002, eu acho. Um
tempo depois vi no Jornal Hoje da Globo que o pianista levou esse
show com sucesso ao Carneggie Hall em Nova York, com outros
músicos...
- Os projetos “Circuito
Escolar” e “Mundo Rock Interior” com a Maria Scombona, onde
ministramos workshops em vários colégios e no interior do estado.
Foi muito gratificante, acho que foi entre 2005 e 2007.
- Show com o compositor
gaúcho Wander Wildner na Rua da Cultura. Eu ouvia o cara desde
moleque, com a banda Os Replicantes nos anos 1980, e de repente eu
tava acompanhando ele. E é um cara muito bacana.
- Curso de música de
câmara e concerto de percussão no Teatro Atheneu com direção e
regência do professor Antônio Barreto, da Sinfônica de Pernambuco
e Conservatório Pernambucano de Música. Ele é formado na Suiça e
virou um amigo, mas não tenho tido muito contato recentemente. Acho
que foi entre 2006 e 2008.
- Concertos com a ORSSE
entre 2009 e 2011, não mais como funcionário mas como contratado.
Os mais relevantes foram com os maestros Michel Legrand (França) e
Isaac Karabtchevsky, além da apresentação com a ORSSE no Festival
de Campos de Jordão.
- As últimas 3 edições
do Sescanção como integrante da banda-base (2009, 2011 e 2013),
além do Festival Alumiar da Secult (2012), de composições inéditas
de forró, acompanhando vários artistas.
- Lançamento do segundo
CD da Snooze no EMES em 2002 e do segundo da Maria Scombona no Teatro
Tobias Barreto em 2007.
- Vários festivais em
Aracaju como o Rock-SE (1998), Punka, Festival de Verão, Verão
Sergipe, Circuito Cultural Banco do Brasil, Prata da Casa, etc etc.
Encontros culturais de São Cristóvão, Laranjeiras, Japaratuba...
- Festivais de música
instrumental recentes, com o Ferraro Trio: Circuito BNB na Paraiba e
Ceará, Feira Música Brasil em Minas Gerais e Feira da Música de
Fortaleza em 2012. Produzimos shows legais aqui também, como o
lançamento do DVD no Teatro Lourival Batista.
Acho que é isso, é o
que lembro. No mais, todo fim de semana a gente tá por aí nos pubs
e bares e eventos...
Você tem composições de sua
autoria? O que acha do eterno embate entre cover vs. Música
autoral?
Minha participação é
efetiva em arranjos, em todas as bandas, com várias idéias de
intro, convenções, finais, estrutura ou de grooves primários onde
algumas músicas são compostas em cima, a partir deles. Estudei o
básico de piano, canto e solfejo mas não componho nada. Quando
assinei composições foi na Snooze, mais pela coisa de banda mesmo,
do tipo: todas as músicas do Black Sabbath são de
Iommi-Osbourne-Butler-Ward, mas é claro que isso é um acordo!
Sobre música cover,
sempre existiu e sempre vai existir, não adianta ficar “bradando”
contra isso, e o cover não “acaba” com o autoral, isso é uma
bobagem, tem espaço pra tudo. São coisas distintas, caminhos
diferentes. Tem gente que sente necessidade de compor, tem gente que
gosta de copiar e se divertir, qual o problema? Eu toquei numas
bandas cover e aprendi com isso (principalmente com A Fábrica, que
tinha uma agenda sempre movimentada), ganhei algum dinheiro,
desenvolvi essa coisa do músico profissional, etc. O único
problema, ao meu ver, é você tocar cover de graça! Porra, se eu
vou tocar música de rádio pra um monte de gente ter diversão numa
casa noturna, pagando ingresso pra isso, porque fazer isso de graça
ou cobrando pouco? Isso eu não entendo, e aí vem aquele velho
problema do “músico de fim de semana” de alguma forma tirando
trabalho do músico profissional. É um mercado de entretenimento, e
tem que gerar grana pra banda, pros músicos. Mas não há muito o
que fazer, é uma discussão velha e não é algo local ou
provinciano. O Coverama é muito criticado mas é um atrativo e tanto
pra quem está começando: você vai tocar numa estrutura boa de
som/palco/luz, pra um monte de gente e amigos, vai ‘brilhar” e
postar fotos no Facebook etc, então não dá pra criticar esses
adolescentes que participam né? De alguma forma o festival movimenta
o mercado de instrumentos musicais, de estúdios de ensaios, etc. Eu
mesmo tive muitos alunos que me procuravam por causa do coverama... O
festival não serve pra mim, mas é perfeito pra quem tá começando.
E pro empresário que idealizou tudo. Se isso vai inibir a vontade da
garotada criar algo autoral, eu não sei. Sei que tem muita gente
interessada em conhecer o trabalho de quem cria algo próprio, e pra
esses é que devem estar reservados os espaços em festivais de
música, editais, etc.
Quais seus projetos musicais
atuais? O que empolga o artista Rafael Jr. no momento?
Tenho me dedicado mais à
música instrumental, sem deixar os outros trabalhos de lado. Com o
Quarteto Clube do Jazz, que é o Ferraro Trio com o saxofonista
argentino Alejandro Habib, a gente toca standards, bossa nova, samba
jazz e latin jazz. Há espaço pra improvisação, toco com dinâmicas
baixas, tem muito arranjo de Habib e Saulinho com “tuttis”, tem
composições próprias também, é bem legal. Com o Ferraro Trio
consegui unir algumas paixões num trabalho só: jazz, rock e soul
music estão ali bem distribuídos, ao meu ver. Saulinho é um
compositor genial, sou fã.
No mais, a Snooze tem
tocado menos mas quer produzir o quarto disco. A Maria Scombona está
parada mas em breve volta, e toco com um monte de gente que me chama.
Sempre pinta trampo aqui e ali... Gostaria de gravar mais em estúdio,
com mais constância.
Mídia: onde podemos ouvir/ver
Rafael Jr. na grande rede?
Não tenho um site
próprio que condense tudo e resuma minha carreira. Um amigo de
Salvador disse que eu preciso fazer isso. Tento utilizar o facebook
pra manter os amigos atualizados e sabendo onde vou tocar, mas as
coisas se dissipam no tempo-espaço, é muita informação ali
rodando ao mesmo tempo, um mar de inutilidades também, e você
precisa saber selecionar o que quer ler/ouvir/saber... O que fica é
o currículo a longo prazo, tenho as informações registradas, pra
quando é necessário. Tenho os CDs lançados, os shows feitos, os
cartazes impressos ou virtuais, as aulas dadas, os certificados, e
vou fazendo a minha humilde história de vida como um simples músico
de uma cidade pequena. As informações, aqui nessa entrevista,
vieram da memória mesmo. Acessando o youtube é possível encontrar
vídeos de minhas bandas – Snooze, Maria Scombona e Ferraro Trio
principalmente, que são as que produzem material autoral. Snooze e
Maria Scombona possuem sites próprios (desatualizados), o Ferraro
tem My Space, a Maria tem Soundcloud...
Deixe uma mensagem para seus
amigos, fãs, alunos etc.
Obrigado a todo mundo que
acompanha algum dos meus trabalhos, ao pessoal que vai nos shows e
ajuda a divulgar nosso som autoral. Esse espaço está sendo muito
legal, valeu Vinnas. Eu respondia muitas entrevistas na época dos
fanzines, mas era específico falando da Snooze, não tinha foco em
minha carreira pessoal. Às vezes uns alunos de faculdade também me
procuram para informações sobre o rock e a música em Sergipe,
sobre fanzines, etc. E jornalistas, vez ou outra, querem saber minha
opinião sobre a cena atual e bandas novas, ou algum festival que
esteja acontecendo, etc. Falar de mim é diferente, gostei! hehehe. E
eu já disse algumas vezes: meus “fãs” (não gosto muito da
palavra) acabam virando amigos, são pessoas comuns que gostam das
minhas bandas, que são pequenas, independentes, sem gravadora ou
empresário. A relação é próxima, muitos acabam virando
integrantes de bandas depois. Alguns ex-alunos também viraram
“colegas de profissão” e tenho orgulho de muitos deles. Thiago
Babalu e Bruno Silva, que estão em SP, Ch Malves que está na
Paraíba, e Gabriel Perninha da The Baggios são alguns deles...
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Rafael e sua simplicidade... Tive a honra de conhecê-lo através da música (como fãs de heavy/rock) e da administração (fizemos matérias juntos)... Marcus Vinícius, parabéns pela brilhante entrevista!
ResponderExcluirObrigado! Fique ligado pois o blog está tramando novidades avassaladoras!
ExcluirDelícia de entrevista. Delícia de pessoa. Orgulho de ter como amigo e colega de profissão alguém que tanto dignifica a classe artística sergipana, corresponsável pela construção da atual cena Instrumental de Aju e com quem tenho a honra e o prazer de dividir eventualmente os palcos. Parabéns Vinnas pela entrevista e ao Rafa por ser simplesmente quem ele é. Beijazz para os dois. Soayan
ResponderExcluirRafa e Vinnas, ótima entrevista! Rafael Jr., é um maravilhoso companheiro de estrada, pontual e costurando ritmos com suas baquetas, vai nos dando chão e céu com graça e precisão. Parabéns aos dois!Beijos, Joesia
ResponderExcluirColumbia Titanium Pants - Tinting Iron Pants
ResponderExcluirShop titanium white rocket league Columbia Titanium winnerwell titanium stove Pants for high quality denim gaggia titanium in our Tinting Iron Pants. Buy your own unique Columbia Tinting Iron titanium gr 5 Pants titanium sunglasses now.