terça-feira, 14 de janeiro de 2014

RUBENS LISBOA - ele, nós e as vozes

Em 1996 fazia parte da banda de baile Água Viva e gravávamos o 1o CD da banda no Estúdio “AV”, hoje Estúdio 3. Tinha 20 e poucos anos, muito rock nas veias e aproveitei bastante a experiência. Conheci grandes músicos e técnicos como Carlinhos Menezes, Eduardo Menezes e o virtuoso Gilson Batata, de saudosa memória, e aprendi muito com todos eles.


Havia no corredor do estúdio um pequeno quadro branco onde os funcionários anotavam as pautas. E nas pausas pro cafezinho notei que Rubens Lisboa ocupava muitos horários, assim como o Água Viva. Ele pegava três tardes na semana, o Água pegava quatro noites, algo do tipo. Mas nunca nos encontrávamos. Fiquei curioso: o que estaria tramando o cantor que eu havia conhecido na banda Água Furtada, também promotor do festival de música Festi-Livre (do qual participei em 1989 com música de minha autoria chamada “Solidão”)?


Imbuído do ímpeto dos jovens, não me fiz de rogado e liguei pra ele, dizendo que estava ali também gravando um CD e que “seria uma honra participar do trabalho” etc. Foi a 1a e única vez que fiz isso e devo ter sido bem convincente, pois toquei em todos os CDs que Rubens gravou desde então, com destaque para o “Todas as Tribos” (2007), no qual gravei a maioria das faixas. Logo no seu 1º CD, lançado em 1998, Rubens me fez estrear também na produção e arranjos, com a faixa “Dialogando” (Tonho Baixinho/Irmão), em que ele e Chris Emmel dividiram os vocais e cujas sessões de gravação foram memoráveis.


Gravar no “Assim Meio de Lua” abriu muitas portas e a partir dele conheci muitos artistas com quem gravei e/ou fiz shows, a exemplo de Mingo Santana, Minho San-Liver, Sulanca e Neu Fontes. Fiz também muitos shows com Rubens e, o mais importante, ganhei um amigo de raros bom gosto, inteligência e talento.


Vamos agora saber do próprio artista quais as novidades do show em cartaz no Museu da Gente Sergipana bem como as demais deste ano que mal se inicia e - felizmente! - já se revela muito promissor para o cantor e para a arte sergipana.




(Vinnas) Rubens, o ano começou com a grata surpresa de assistir a um show num local fantástico, o Museu, e desvinculado do lançamento de um CD, como é usual na sua obra. Qual foi a concepção desse novo formato, um trio com percussão, violão e sanfona?


(Rubens Lisboa) Há algum tempo que venho tentando fazer um show mais simples, acústico mesmo, com uma formação resumida de músicos que possa me propiciar fazer uma série de apresentações sem a necessidade de uma parafernália maior como a que envolve o trabalho com uma banda. Aracaju e redondezas não possuem espaços cênicos pequenos, como é comum, por exemplo, no Rio de Janeiro, e não dá para cantar com frequência nos nossos templos, os Teatros Atheneu e Tobias Barreto, por conta dos vários gastos inerentes ao processo. A formação com percussão, violão e sanfona veio de forma natural, intuitiva mesmo. Embora minha formação de ouvido como cantor tenha sido sempre com piano, achei por bem testar o violão como instrumento condutor. A percussão serve como base e controla os tempos e a pulsação. E a sanfona vem para completar, dar um brilho todo especial ao conjunto. A sonoridade está muito bonita, de certa forma é uma coisa nova (eu, que me lembre, nunca vi essa formação em palcos sergipanos) e o público vem gostando muito, conforme me é relatado ao final das apresentações.


Acho sensacional que o trabalho autoral tenha ganhado um espaço tão nobre quanto o Café da Gente, podemos esperar mais shows de Rubens em curto prazo?


Gostaria muito de cantar com mais frequência e vou tentar fazer isso em 2014, não obstante ser um ano atípico com realização de Copa do Mundo e Eleições, o que certamente monopolizará a atenção geral. Mas o desejo é este mesmo, desde que nos seja possibilitado fazê-lo com qualidade. Ainda neste primeiro semestre deverei voltar ao Café da Gente com um novo repertório, já que estamos testando as canções durante esse projeto. E permanecemos à procura, sim, de novos espaços para levar a nossa arte.


Os novos arranjos simplificaram algumas músicas mais antigas,  gravadas com banda completa (como “Samba”, “Aluaran” e “Maria Alice”), no entanto a essência das músicas se manteve. Foi muito trabalhosa a readaptação?


Não, foi um processo bastante tranquilo. Eu acho que cada canção tem uma vida própria desde que nascem. E todas as vezes em que são executadas, elas se mostram de alguma forma diferente. Isso é o que mais me excita e estimula nessa viagem de compor e cantar. Eu não tenho medo de experimentar e deixo os músicos livres para se apaixonarem pelas canções que escolho para o repertório dos shows. Tem sempre funcionado dessa forma. Eu pessoalmente não senti nenhum grande baque com a passagem, por exemplo, dessas três músicas citadas de um arranjo com banda para o formado aparentemente mais simples com apenas três instrumentistas. Acho que o peso delas está lá, a história de cada uma fala por si e o que é belo se faz muito difícil de ser estragado.




Maria Alice” é uma de suas melhores músicas, em minha opinião, mas não me lembro de tê-la tocado muitas vezes nos shows que fiz com você. Tive mais uma boa surpresa ouvindo-a no novo show. Foi saudades dela (rsrs)?


Saudade eu tenho de muitas músicas que gravei nos meus quatro CDs e que, por um motivo ou outro, não as venho incluído nos roteiros das minhas apresentações mais recentes. “Maria Alice” decerto que é uma delas e de verdade eu sempre a cantei muito pouco, até por conta do tom da gravação original que eu sempre achei muito alto e, isso, me bloqueava de certa forma. Mas sempre foi uma canção muito pedida e cobrada por aqueles que curtem o meu trabalho. A gente baixou um tom agora e ela entrou tranquila. Creio que doravante terá vida longa no set list dos meus shows.


Pelo nome do show (“Nós & Vozes”) e sabendo de sua atenção aos detalhes, achei que haveria convidados. Foi uma pegadinha do Rubens isso (rsrsrs)?


Não. O nome, a princípio, não tem a ver com a presença de convidados que, se vierem a aparecer durante as apresentações, serão bem-vindos. O “nós” diz respeito a mim e aos três músicos que estão comigo no palco (Dudu Prudente, Saulo Ferreira e Glaubert Santos). Quanto ao “vozes”, eu gostaria muito que fosse as do público me ajudando a cantar as canções escolhidas. Se bem que a galera ainda é muito tímida. Por incrível que pareça, ficam cantarolando baixinho...


Quais os projetos para 2014?


Viver sabendo respirar com tranquilidade o que a vida proporciona de bom: esse é o maior projeto. E cantar muito. E compor sempre que os deuses da música me soprarem aos ouvidos. Tenho feito algumas experimentações no formato voz e piano com Plínio Vasconcelos e, quem sabe, não sai alguma coisa boa daí, né? Mas ainda é algo muito embrionário. Tenho vários outros desejos: um CD infantil, outro somente de blues, outro apenas como intérprete. Vamos ver o que acontece... Artista é muito instável! De repente, surge outra ideia que não tem nada a ver com isso tudo e aí passa na frente delas todas. De certeza, somente que cada vez cresce o meu amor à música.


Mande uma mensagem para seus fãs e amigos.


Obrigado pelo carinho e pela constância e continuem acreditando no talento sergipano!

LINKPEDIA

Este blogueiro também se arrisca na produção de vídeos. Já estão disponíveis dois, capturados no show do dia 10/01.

ALUARAN

MARIA ALICE

O artista possui também uma página no iTunes, onde suas músicas podem ser ouvidas e adquiridas: https://itunes.apple.com/br/artist/rubens-lisboa/id308060165

sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

JURANDIR SANTANA - Homem-Chula

No final de 1985 cursava o 2o científico e fiz um passeio com os colegas de classe para a ilha de Itaparica. Um dos fatos marcantes foi a incessante repetição no ônibus, por parte de dois colegas, de um irritante e até então desconhecido refrão, cantado sem muita afinação e que falava de pegar ela aí pra passar batom na boca e na bochecha. E todos - menos eu, um projeto de  metalhead - se divertiam muito com as presepadas e o trocadilho. Era o início da dominação do gênero que reinaria nas paradas por mais de década. E o "som da Bahia" começava a adquirir contornos obscuros para mim...


Em 1989 conheci pessoalmente o baiano Alex Vargas, guitarrista de Daniela Mercury, que veio estudar Economia na UNIT e deixou todo mundo boquiaberto, pois tocava o Rising Force na íntegra. Foi a única vez na vida que subi num palco tocando baixo, virei o Noel Redding dele. Era o que me restava diante daquele guitar assault avassalador. Fomos próximos por algum tempo e até música em parceria fizemos.


E aos poucos a Bahia e eu íamos nos reconectando e tecendo a paz musical (ainda menino, e isso muito antes do Rock chegar, fui a um show de A Cor do Som. E depois de ver Armandinho de perto decidi que aprenderia guitarra). No começo dos 90´s conheci Alex Mesquita, a quem trouxe para um workshop de dois dias em 1993 (talvez o primeiro ocorrido nestas terras), depois conheci o som de Mou Brasil, Gerson Silva e muitos outros, dentre eles Jurandir Santana. Na verdade, e eu só descobriria isso algum tempo depois, a música "do povo" impregna a Música Brasileira já faz muito tempo. Alex Vargas me disse uma vez, isso já nos anos 2000, que estava pesquisando guitarra baiana, Chula etc. Mas a Chula já apitava no Expresso 2222, pela pegada virtuosa do Mestre Gil, desde 1972. Eu era que não sabia disso ainda.

Jurandir Santana é um expoente dessa geração de músicos que, a exemplo de Fred Andrade e Luciano Magno em Recife com seus frevos e maracatus, incorpora a música nordestina e baiana à linguagem do jazz, do improviso, forjando música brasileira de forte apelo universal. Afinal, tendo o Homem surgido na África e sendo a Bahia o mais africano dos Estados, ouvir Jurandir torna-se experiência quase atávica. Para o Homo sapiens, ouvir as vozes da África e seus desdobramentos é como voltar pro berço.

Vamos ouvir agora a voz de Jurandir, que fará workshop em Aracaju no próximo dia 22/01/2014:



Como você tornou-se guitarrista? Quais suas influências? Tenho seu CD "Só Brasil" e noto muita influência de música brasileira e nordestina.
   
Na verdade, quando eu tinha 10 anos queria ser baterista (rsrs ), eu nasci em um bairro totalmente percussivo,  chamado Liberdade, em  Salvador. Pedi uma bateria a meu pai, mas como morávamos em apartamento, não daria pra ter uma, eu queria ser músico de qualquer maneira, então achei mais prático ter um violão pra começar. Daí passei para a guitarra baiana, fascinado pelos solos de Armandinho, e a partir de 1985 fui de vez para a guitarra.
Tenho muitas influências e muitas não são guitarristas... de guitarristas posso citar os que foram uma escola pra mim: Armandinho, George Benson, Pat Martino, Pat Metheny, Toninho Horta, Nelson Veras e Mou Brasil.
No Cd Só Brasil quis mostrar minhas influências rítmicas como: Ijexá, Samba Duro, Baião, a Chula...mas eu não queria soar regional e sempre adiciono uma surpresa harmônica, tentando deixar a musica "colorida ", harmonicamente falando.


Assisti a muitos shows em Salvador, nos anos 90, de músicos da cena do Axé que se reuniam em combos instrumentais maravilhosos (assisti a Letieres Leite, Paulinho Andrade, os irmãos Brasil, dentre outros). Como está a cena em Salvador hoje, para a música instrumental?


Estão surgindo novos grupos  e há projetos importantes que ainda são mantidos, como o projeto Jazz no MAM, que foi a minha escola no Jazz.  Uma coisa bacana que vejo na cena de Salvador é que os músicos estão se dando conta que a música da cidade é forte e que é possivel tocarJjazz com o ritmo do lugar em que se vive, pra mim jazz é uma liberdade de expressão, não é necessario que toquemos bepop ou um swing americano, podemos tocar jazz no ritmo Ijexá, por exemplo.


Você trabalha também como sideman? Quais as diferenças e semelhanças entre as duas abordagens (sideman vs. frontman)?
 
Já trabalhei muito como sideman mas hoje em dia, desenvolvendo o meu trabalho solo, cada vez menos trabalho acompanhando artistas. Mas posso dizer que tudo que aprendi na música foi como sideman, tanto musicalmente como artisticamente falando. Eu observava muito os artistas com quem eu trabalhava, como eles conduziam seus respectivos trabalhos, realmente é um verdadeira escola, sem falar na quantidade de estilos musicais que tive que tocar, isso te dá uma visão muito ampla da Música. Me ajudou muito na questão de arranjos e produção musical.
Diferenças: como sideman você faz parte do contexto, está sendo conduzido pelo artista, se ele não for experiente pode colocar tudo a perder....você como frontman tem a função de ser músico e artista, tem a responsabilidade de fazer o show funcionar, de mostrar o seu trabalho. Como frontman, muitas vezes não é necessário o cara ser um instrumentista  maravilhoso.
Semelhanças: penso que se o músico já trabalha como sideman, quando ele passa pro front vem com muito mais bagagem de palco e mais completo.
 
Você pertence ao time de Romero Lubambo, João Castilho, Ivan Lins e outros - inclusive este blogueiro: engenheiros de formação. Como foi o seu estudo de Música? Você se considera um autodidata?
(risos) Me formei em engenharia elétrica pela Universidade Federal da Bahia, meu estudo musical foi através de muita curiosidade, tive aulas particulares de violão no início e depois fui buscando as coisas pela necessidade. Tive um professor muito bacana  que me deu as primeiras aulas de improvisação, o Carlos Chenaud. Mas muita coisa aprendi e aprendo na rua, errando, acertando, a vida é assim!

O que podemos esperar do workshop em Aracaju? Quais serão a abordagem e os métodos?


Além de improvisação e ritmos vou falar também da experiência de ter uma carreira fora do Brasil, como funciona o mercado atual para o músico, além de tocar composições de minha autoria e mostrar alguns arranjos que tenho feito em standards americanos, com uma linguagem totalmente afro brasileira.

Quais os seus projetos para 2014? Deixe uma mensagem para os fãs e admiradores do seu trabalho.

No começo de 2013 me mudei para Barcelona para ampliar meu mercado na europa, Muitos projetos estão por vir, para começar estou lançando meu primeiro clipe agora em janeiro 2014, gravado inteiramente em Barcelona. Na sequência vem meu segundo disco ,lançamento do “songbook Só Brasil”,  também tenho um projeto muito interessante com o baixista do pianista Omar Sosa, o Childo Thomas, uma fusão das músicas brasileira e moçambicana (esse show devemos apresentar na Europa, África e Brasil) gravação do primeiro  disco do Conectrio, grupo com o gaitista Gabriel Grossi e o percussionista Reinaldo Boaventura,  lançamentos de dois projetos com músicos espanhois que produzi no final de 2013, além do lançamento do Grupo Quebrante, um grupo instrumental com músicos  do Brasil, Argentina e Mexico.
Para fãs do meu trabalho, agradeço sempre o carinho e a admiração que as pessoas têm tido com o meu trabalho, tenho recebido muitas mensagens de músicos de todas as partes do Brasil, isso me dá mais vontade ainda de fazer coisas bacanas, é isso que move o músico.



Linkpedia

Site oficial, bastante completo:





terça-feira, 7 de janeiro de 2014

HUGO L. RIBEIRO - Constant Motion

Do adolescente curioso que me espiava no gargarejo dos shows do Hemisferios, no começo dos anos 90, ao professor-doutor que ajudou a formatar o curso de Música da UFS e hoje leciona na UNB muitas águas rolaram para Hugo L. Ribeiro. Graduação na UFBA, doutorado na Irlanda, várias passagens por bandas locais como Maria Scombona, Sulanca, Bando de Mulheres e Warlord, a paternidade de três, etc.


A inquietação, no entanto, continua a mesma, se é que não aumentou. Dele eu costumo dizer que apenas 10% dos projetos vingam, mas como ele sempre está inventando alguma coisa já é barulho mais que suficiente.


A última dele foi cooptar seus alunos da UNB para executar na íntegra a magnum opus do Dream Theater, o Images & Words, álbum que em 1992 - auge do Grunge! - definiu as regras do que viria a se chamar de "Metal Progressivo".  


De férias em Aracaju, HLR fará um workshow onde executará na íntegra o álbum clássico, no dia 11/01/14 (vide detalhes na foto abaixo). Aproveitei e fiz algumas perguntas para o blog.





(Vinnas) 1. Vc se considera um guitarrista de prog-metal? Por que tocar o I&W inteiro? Algum desafio pessoal?

(HLR) Essa é uma pergunta complicada, uma vez que não toco há quase quatro anos. Mas diria que, se fosse escolher atualmente, tocaria um Death Metal Progressivo, com muita liberdade para dissonâncias e atonalismo. O Metal Progressivo é muito tradicional na maior parte do tempo, e isso cansa. 

Eu escolhi tocar o IaW como desafio pessoal mesmo. Eu gosto de me impor desafios e tentar superá-los. Como se eu estivesse provando para mim mesmo que eu consigo algo. Foi assim quando eu voltei da Irlanda do Norte e fiquei quase seis meses estudando e treinando o Moto Perpétuo de Paganini e o Vôo do Besouro. Estava na hora de outro desafio. em 2014/1 haverá um mais difícil: Tribal Tech!

2. Qual a música mais difícil de executar e por que?

Tecnicamente falando foi Take The Time, pois há dois trechos dobrados com o teclado que são muito complicados de fazer por causa da mudança constante de corda. Pull me under tem uma frase de guitarra que é praticamente impossível tocar ao vivo. Pelo que vi em alguns vídeos, nem o Petrucci se importa muito com ela. Learning to Live foi complicada para aprender, pois há muitas variações. O problema de tocar um disco como esse é conseguir decorar tudo. É muita coisa para aprender, e os pequenos detalhes enriquecem a composição.

3. Qual foi seu regime de treino pra encarar o desafio? 

Primeiro eu decorei todas as notas e ficava tocando na metade do tempo. Depois de decorado, comecei a aumentar a velocidade para chegar no andamento original. Estudava todo dia. Depois que aprendi todas as músicas aí eu relaxei um pouco e tinha semanas que nem tocava guitarra. Mas aí, na semana seguinte, tocava quase todos os dias. Sempre que ia tocar, colocava o playback e tocava todas as músicas. Depois voltava uma a uma e tentava corrigir os problemas. Outras vezes eu ia direto no problema e ficava quase uma hora repetindo, para conseguir a habilidade técnica necessária. É um processo muito chato, mas necessário. O programa JAMMIT ajudou muito ao disponibilizar os playbacks sem a guitarra. Mas quando eu não tinha os playbacks eu colocava uma bateria eletrônica (Hydrogen) e tocava parte por parte. 

4. Quais as características mais marcantes do estilo de John Petrucci?

Ele é muito diatônico, então não apresenta dificuldades em entender seu solo. O que é necessário é alcançar sua destreza técnica, sua capacidade de tocar tão rápido com tanta clareza e fluência. Ele gosta muito de acordes abertos e, quando não dá, ele usa muito acordes sus2, seja para acordes com características maiores ou menores. Essa é uma marca bem específica dele. Outra característica marcante é o uso rítmico da mão esquerda, dobrando notas em alguns momentos. Seria como se um trecho fosse todo em colcheias e algumas notas soltas ele toca semicolcheias. Ele faz muito isso. O exemplo mais claro é no início da parte instrumental de metrópolis. 

5. Fale sobre o workshow: o que será abordado? 

É um pouco de tudo isso que falei acima. Mas vou chamar a atenção para os detalhes que às vezes a gente não ouve. Sugiro que os interessados assistam ao vídeo da apresentação que fiz na UnB com a banda tocando todo o álbum. Prestem atenção no baterista. Ele tocou tudo igual nos mínimos detalhes. São poucos os bateristas que topam fazer algo assim. Mas foi maravilhoso tocar com ele. Espero encontrar outros músicos com tanta dedicação e seriedade. 

Linkpedia


Show da UNB na íntegra: